Pelos teus olhos...

MEU AMIGO JORGE
Por Bel

O senso comum nos induz a crer que as pessoas comuns não são enigmáticas. Mas, hoje, eu me deparei com alguém assim, comum – tão comum que, se não tivesse à minha frente, sentado, me observando, eu sequer o notaria. Ele tem jeito de um ‘Jorge’.

É. Desses homens fortes, lutadores e um pouco cansados do dia-a-dia de lutas. Creio que sua grande arma são os olhos fugidios que não permitem que seus adversários leiam suas intenções e seus segredos. Contudo, como padeço do mesmo ‘mal’, creio que é um homem muito sensível – ao modo dos homens, é claro!

Talvez o Jorge lide com contas, papéis e números, pois ele não parece trabalhar em contato direto com as pessoas. Do contrário, acho que a barba não estaria por fazer. Será? Seu trabalho deve ser chato e aposto que, nos finais de semana, ele se liberta da chatice praticando algum esporte. Sim! Seu esporte é o hipismo. Jorge que é Jorge tem que montar bem um cavalo. Além disso, Jorge pratica esgrima e é o melhor de sua turma. No entanto, tenho certeza que ele seria mais feliz se pudesse praticar algo com uma lança, ressuscitando esportes medievais.

Isso não significa que Jorge seja violento. Não! Ele não crê na violência. Depois de Cristo e de São Jorge, quem ele mais admira é Gandhi. E desta admiração surgiu sua vontade de aprender fotografia. A arte da fotografia lhe permitiria captar as imagens fantásticas em que a paz vence toda forma de violência. O sorriso de uma criança, por exemplo, diante de pais furiosos e descontrolados. Jorge, por sinal, ama a família. Ele não se casou ainda, pois é muito romântico e continua buscando o par ideal. Enquanto isso, cuida com muito zelo e amor de seus pais.

Ele é tudo isso – o enigmático fazendo as vezes de comum.



MINHA AMIGA BEL
Por Jorge


Tenho à minha frente uma amiga – vou chamá-la Bel – recém-conhecida e de quem quase nada sei. Mas leio em seu rosto, de cara, traços de bom humor, de riso fácil. É alguém com seus vinte e poucos anos, os quais percebo ávidos, atentos, vigilantes. Não consigo imaginar com o que trabalha mas a probabilidade de ser professora não é pequena.

Vejo que é cuidadosa ao escrever: escreve com capricho. Uma carta sua certamente será boa de ler. Também vejo que é organizada, tendo o material de estudo todo em ordem.

Veste-se bem, revelando-se vaidosa. A vaidade, contudo, não chega à obsessão do corpo perfeito, esculpido nas academias da vida. Não parece do tipo que se liga em esportes.

Vejo em minha amiga um jeito sereno e imagino-a ligada a alguma prática religiosa que propicie a busca de serenidade, de harmonia.

O fato de escrever com capricho, com ótima caligrafia, revela uma ligação com o belo, com o bem feito e, daí, com a arte. Escrevendo com a desenvoltura que percebo, deve gostar também de ler, de literatura.

Os indícios que vejo na minha amiga são de uma pessoa amorosa, carinhosa... Deve ser muito querida como irmã, como filha... E já é querida como a amiga de que acabo de conhecer.




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