O Primeiro Encontro

Ele chega, ansioso, e perde a segurança que a maturidade já lhe deu. Dançarino de tango experiente, passa a comportar-se como aprendiz. Revela timidez nos seus passos, seu olhar foge ao olhar de sua dama, que permanece ali, altiva. Suas mãos mostram-se trêmulas e não conseguem conduzir sua parceira. Ela percebe, sorri, mas não comete o erro de tentar conduzir o tango.

Aos poucos, ele se recupera, não o suficiente para impressionar o jurado que na mesa em frente os observa e relembra os muitos casais que já viu e as muitas parceiras que já conduziu. O jurado sorri e parece torcer para que o dançarino se recupere e consiga, enfim, conduzir a dama e chegar a um grande final.

Ele a toca de relance, com receio, quando deveria segurá-la com a força de suas intenções. Ela mantém o olhar firme, instigando a segurança em seu parceiro. Ele percebe e passa a corresponder em passos mais firmes. Enfim, enlaça sua dama como deveria e percebe que ele já dominava aquela dança. Mas não a dama.

Qual teria sido seu erro? Ansiedade? Surpresa? Imaginar estar diante de uma menina e demorar a perceber que estava diante de uma mulher?

A música termina. Exausta a dançarina não deseja repetira a dança, prefere ir embora. Ele sofre. Ela compreende. Ficam na expectativa de uma nova dança. Uma parceria, talvez?

Não se sabe.

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