Batata quente!

Eu tenho lido e relido minhas postagens ultimamente. Vejo que cada ano há uma visão única e fundamental do que já vivi. Anos que foram conturbados e em que nada parecia se encaixar. Anos em que eu parecia entender tudo que estava acontecendo e havia um profundo entendimento de mim mesma. Anos em que a dor sublevou tudo. Anos de luta pela superação. E em todos esses anos, sempre, a superação.
Vivi, então, tantas situações e sentimentos que posso dizer que da vida já sei um pouco. O suficiente para dizer que ela vai além do que qualquer coisa que possamos sonhar. Que é tão imprevisível que não se pode contar com o amanhã e o presente passa tão rápido que boa parte da nossa vida é feita, matematicamente, de passado. E de passado, a gente não vive. Sobrevive, na melhor das hipóteses.
Eu não me considero sobrevivente e detestaria se alguém me visse assim. Tenho, sim, uma capacidade ímpar de me refazer constantemente, tal qual a Fênix. Espanta-me quando alguém diz que “não deseja” mais viver determinada situação ou sentimento. É uma afirmação tão ingênua! A vida se repete, muitas vezes. A questão é como estamos diferentes em cada uma destas repetições. Às vezes sequer nos damos conta de que é a mesma situação do passado, contudo, nós estamos diferentes.
Hoje, no entanto, estou diante de uma “batata quente”. Identifiquei uma situação que: ou não vivo há muito tempo, e já não me lembro mais; ou estou tão diferente, que não reconheço a sua repetição.
Estou intrigada! Quanto tempo faz que não me sinto intrigada? Aliás, foram poucas as vezes em que realmente eu me senti intrigada.
Por que cargas d’água nos envolvemos em situações familiares, pessoais ou profissionais dialéticas que viram um verdadeiro estica e puxa? Um imã que oras atrai, como deve ser, oras repele? Um enrosco, um enguiço? Sabe como é?
Quer-se ficar, quer-se partir e se sente uma dificuldade tremenda para ambos. Ao ficar, parece que estamos arriscando muito por pouco. Ao partir, parece que estamos deixando muito por um medo covarde.
Isso vira uma batata quente que a gente joga de lá para cá, que vai e volta, e nos queima e angustia e faz perder o sono (como eu perdi esta noite inteiiiiiiiiira).
Não me vem à mente qualquer passagem, qualquer poema, qualquer dizer de sabedoria popular, qualquer luzinha de fim de túnel que possa iluminar esta questão. Então, eu jogo para vocês. Pela primeira vez, o que fazer com uma “batata quente”?
Aí de quem me disser para comê-la!

Comentários

  1. Oi Dani,
    difícil segurar essa batata. rsrs

    Talvez J. Guimarães Rosa tenha nos deixado 2 dicas:
    1ª)"Passarinho que se debruça - o vôo já está pronto!"
    2ª)"Vida é noção que a gente completa seguida assim, mas só por lei duma idéia falsa. Cada dia é um dia."

    Um abraço!

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