AHN?!

Que coisa doida é ser neurodivergente. Eu penso, digo e faço coisas com uma naturalidade imensa e recebo de volta as reações mais impensadas (de minha parte, claro). Esses dias eu escrevi uma crônica sobre a minha relação com os passarinhos que vivem em volta da minha varanda. Era pra ser um texto com pitadas de humor, sarcasmo, paralelos com a vida, reflexões...

Um vizinho que aguava as minhas plantas quando eu viajava, mandou um vídeo de um sistema de irrigação que mantem as plantas hidratadas quando não estamos em casa. Outro quis acionar o Ibama e perguntou se havia muitas queixas de brigas entre vizinhos. Um amigo me perguntou se eu não tinha medo de ser acusada de elitismo e de apoio à gentrificação dos bairros. Confesso, eu nem sabia o que era gentrificação até aquele momento.

Alguns me mandaram mensagens dizendo que se divertiram com a leitura. Outros fizeram paralelos oníricos com a realidade e até a pirâmide de Maslow foi citada. E um, muito querido, me explicou que se eu mandar um texto e não avisar ao receptor que pensei nele, que é para ele, que eu gostaria que ele lesse, vai pensar que é uma lista de transmissão e ignorar.

Eu me dei conta de que falo com as pessoas como se fosse uma conversa única. Começou um dia e nunca acabou, o que dispensa o “oi, como vai, tudo bem, eu vou indo, e você?”. Bem, me senti no dever de enviar uma segunda mensagem informando: “olha, eu mandei porque gosto de você e queria compartilhar esses pensamentos...”. Ficou ainda mais estranho.

Enfim, não desisto. Certamente é algo que agora vai ficar martelando a minha mente: “as pessoas estão me entendendo?” Para mim, quase tudo é muito óbvio e, ao mesmo tempo, muita coisa eu não entendo mesmo quando é repetida centenas de vezes. É estranho. Se a minha mente fosse uma casa, ela teria vários cômodos e dentro de cada um, várias passagens secretas, túneis, sótãos, porões e poréns. Muitas chaves, nenhuma chave-mestra e portas que não se abrem nem com aríete.

Vida que segue.

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