A song for you

Ouça, enquanto lê: http://youtu.be/SX8Sb9zSO1Q

Já estive em tantos lugares na minha vida e no meu tempo
Já cantei muitas canções
Já fiz algumas rimas ruins
Já representei meu amor nos palcos
Com dez mil pessoas assistindo
Mas nós estamos sozinhos agora e estou cantando esta
canção para você

A song for you. John Milles (?)

Não tenho um intérprete preferido para esta canção. Já a ouvi com Ray Charles, Carpenters, Christina Aguilera, Simple Red e aí está com Amy Winehouse que, no momento, mais me agrada. Há um peso em sua voz, um arranjo que se inicia com o piano, como é o tradicional, mas logo é subvertido de maneira única e me arrepia inteira. Isto era Amy.

Amy a parte. A música em si me chama a atenção antes dela, há muito tempo quando eu ainda só conhecia a versão de Ray Charles. "Mas nós estamos sozinhos agora e eu estou cantando esta canção para você". Vindo de alguém que esteve representando em muitos palcos, em diferentes épocas e por muito tempo é de uma delicadeza incrível.

A música tem aquele peso de uma importante pausa na vida: Parei para pensar em toda a minha vida e cheguei à conclusão... E então se desenlaçam diante de nós reflexões profundas:

"Eu amo você em um lugar onde não há espaço ou tempo" (...) "E quando eu chegar ao fim, lembre-se do tempo em que estivemos juntos / nós estávamos sozinhos e eu estava cantando a minha canção para você / cantando a minha canção para você / cantando a minha canção / cantando a minha canção / cantando a minha canção."

Não se trata apenas de uma canção, não é mesmo?


"Então, meu amor, você não pode ver através de mim?"

Este olhar, busca o que?


"Se minhas palavras não fazem sentido, ouça a melodia"

O que é esta melodia?


Hoje eu reli um trecho do texto do Prof. Manuel Antonio de Castro, em que ele diz "Alguém que tem o hábito de leitura, de leituras substanciais, poderá viver intensamente e amenizar os sofrimentos, e fazer da solidão do limite uma convivência inimaginável. (O eu e o outro sempre nos advêm como limites, do que são e não são)". Pensei, imediatamente, o que teria sido de mim todos esses anos, desde criança, não fosse a leitura. Inicialmente, a leitura dos livros, propriamente. Com o tempo, de tudo: das músicas, das imagens, das situações, das circunstâncias, dos gestos, da dança, da arte - de tudo que fosse resultado de linguagem.

E, hoje, eu me sinto assim, como quem já esteve em muitos lugares na minha vida e no meu tempo, cantando muitas canções, fazendo rimas ruins, representando meu amor nos palcos com 10 mil pessoas assistindo e, algumas vezes, sozinha, cantando "a MINHA CANÇÂO" para alguém. Amando em um lugar onde não há espaço ou tempo, buscando um olhar que visse além de mim, que fosse capaz de ouvir a minha melodia e que, no fim, se lembrasse que "eu cantei minha canção só para você".

Nesta vida, somos muitos, somos tantas representações, vivemos tantos amores e, contudo, a "nossa canção" é sempre especial e o momento em que a dedicamos a alguém deve sempre ser inesquecível.

Interessante, quando eu ouço esta canção, não sei porquê, nunca imagino que há um receptor, um outro. Sempre a imagino como uma voz de dentro para dentro. Talvez, porque só sejamos capazes mesmo de cantar a nossa canção, assim, com toda essa verdade, para a nossa própria alma.

Impressões.

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