Quando não há esperança

permita cavalheir(o,a)
amig(o,a) me revele
este malestar
cantarino escarninho piedoso
este querer consolar sem muita convicção
o que é inconsolável de ofício
a morte é esconsolável consolatrix consoadíssima
a vida também
tudo também
mas o amor car(o,a) colega este não consola nunca de núncaras.


Carlos Drummond de Andrade

Tal qual barco sem rumo no mar é o nosso coração quando ama e é deixando ao léu. Não há consolo.

Há conforto na morte, para quem parte e para quem fica.
Há consolo nos percalços da vida, sejam quais forem.
Porém, (a ausência do) o amor não consola nunca de núncaras.

Ainda assim, eu digo que é preciso amar incessantemente, intensamente, ininterruptamente: Amar.

Para que haja dor e, portanto, alegria.
Queda e superação.
Mágoa e perdão.
Perda e resignação.
Desamor e esperança.

A vida se faz, também, de tudo que perdemos: do que é inconsolável e doloroso, portanto, de amor... que não consola nunca de núncaras.

Prefiro amar a viver um "quando não há esperança".

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