Existe um limite?

Já sentiu aquele aperto no coração quando algo doloroso ou ruim acontece, te pega desprevenido e te invade? Fico a pensar se existe um limite entre nós e os outros, entre nós e o mundo. Por que algumas pessoas são mais afetadas do que outras? Sentem e doem mais do que outras.

Não pode ser só uma questão de sensibilidade. Francamente, não acredito nisso. Deve ter alguma relação com o caráter também. Com os valores que cultivamos e com a forma de se relacionar com o mundo, com o outro. Isso me faz lembrar da máxima "Não faça aos outros o que não gostaria que fizessem a você."

Consideração. Aí está uma palavra totalmente fora de moda, de uso. Nem vamos falar de respeito, responsabilidade e ética nos relacionamentos. Nos concentremos na simples consideração. Afinal, o que é isso? O que significa considerar? Por que há tanta falta de consideração?

Se recebo um convite, pressuponho que aquela pessoa pensou em mim e ocupou-se em me convidar, em me selecionar entre tantas outras. Certamente, há carinho nisto. O que me custa responder ao convite? Retribuir a mesma consideração e carinho?

Se eu faço uma promessa e não a cumpro, o que estou dizendo de mim mesma? Que mensagem estou transmitindo? Será tão difícil perceber que a quebra de uma promessa não só agride a confiança do outro, mas também coloca em dúvida o meu caráter?

Aquele recadinho de um amigo que não vejo há tempos! Que bom, que gostoso ver que se lembrou de mim e ter a oportunidade de lembrar tantos e tantos momentos daquela amizade, daquele amigo. Custa responder? Custa agradecer a lembrança? Custa mandar um beijo, um abraço?

Será que o nosso tempo anda tão curto e o nosso egocentrismo anda tão exarcebado que não temos mais disposição para considerar? Meditar sobre algo? Sobre o outro? Colocar-se no lugar do outro e sentir o que ele sente? Não temos, mesmo, tempo para isso? Será que as nossas promessas não tem mais valor algum? Será que os nossos valores e o nosso caráter podem sofrer, frequentemente, os ataques da nossa estupidez e, ainda assim, continuarem intactos?

Uma promessa que não cumpro, um convite que não respondo, um telefonema que não atendo, um e-mail que não leio, as desculpas que deixo de pedir: estas ações afetam, sim, quem somos. Em algum momento da vida, alguns terão consciência do fluxo deste processo. Outros, não...

Sinto-me melhor agora. Acabo de perceber que a consideração que me falta, acaba sendo superada. Tudo passa. É possível administrar isso. Mas não sei se é possível superar o estrago na consciência, no caráter e no espírito de quem, simplesmente, não consegue refletir sobre o outro. E segue, irresponsavelmente, disseminando este comportamento "moderninho e descolado", do tipo, "não me importo!". Provavelmente, estas pessoas nem se dão conta do que fazem a si mesmas.

Comentários

  1. considerare, em latim: levar em conta as estrelas. minha cara, adorei o post sobre a coragem de seguir atrás do amor, de acreditar nesse incrível salto no escuro que é se entregar, arriscar tudo num lance de dados. danielle, stay gold girl, stay pure in the stained house of love -- i'm a spy in there.

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  2. Gostei dos versos!!! Muito mesmo! São seus?

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