Amor de verdade: eu tenho coragem!

Antes de tudo, você vai me perdoar por invadir assim a sua vida, feito um vendaval. Eu tenho pressa, tenho sim. Pressa de ter comigo, finalmente, o amor que eu sempre sonhei. Você sabe tanto quanto eu que este foi um encontro especial. Você deseja tanto quanto eu provar um tipo de amor que só mesmo aquelas almas profundas conseguem construir. Algo muito além da razão, repleto de alegria e contentamento. Plenificante. Luminescente.

Ah! Sim, todos os solitários e também os apaixonados almejam um amor assim. Quantos o conheceram? Destes, quantos o viveram? Quantos homens e mulheres, após um encontro especial, se deixaram levar pelo medo, pelas circunstâncias, pelas inúmeras e corretas razões que dizem, sempre: Não vá em frente! Não lute por isso! Não persiga este sentimento! Não creia!

E quantos, hoje, se lamentam? Quantas pessoas você conhece que se lamentam, dolorosamente, por não terem acreditado que, sim, um sentimento avassalador chegou e era o que se esperava há tanto tempo?! Quantos se arrependem por terem cedido ao medo ou à razão? Estúpida razão que, muitas e muitas vezes, nos impede de ir em frente, de arriscar, de viver. Afinal, o que é a vida senão um constante aprendizado? E como é que se aprende? Não é, como diz a própria razão, arriscando algumas hipóteses?

Por que será, que quando se trata de amor, a razão coloca-se contra o coração? Por que será que não nos deixamos invadir pelo amor do mesmo jeito que nos deixamos invadir por uma idéia nova? Não é tudo criação? Não vem tudo, afinal, do profundo de nós mesmos? Não é tudo, na verdade, uma resposta àquele chamamento interior?

Sim, certamente, há muitas e boas respostas para estas questões. Respostas com argumentos tão sólidos que eu talvez nem pudesse derrotar. Para dizer não, sempre há uma boa e justa razão. Para ser precavido, sempre há uma razão. Desde cedo, a gente aprende a olhar para os dois lados da rua, antes de atravessar. Contudo, a gente também só descobre que dirigir é uma delícia, quando está no volante.

Certo! Você vai me dizer que também só aprendemos a não enfiar o dedo na tomada, depois que sofremos um choque. E que o coração só se previne porque já conhece a dor da ausência. No entanto, isso é só uma pequena parte de uma experiência muito maior. Uma experiência tão gratificante que altera a postura, o olhar, o tom de voz, o jeito de andar, o sorriso e até a forma de res-pi-rar: amor, paixão, sentimento que chega mesmo mudando tudo, trazendo vida e nos enchendo de luz. Isto é amor! Isto é paixão! Isto é querer bem!

No começo, é mesmo assim forte e incontrolável. Depois, pode encontrar outras formas de ser. Pode ser mais delicado, pode ser mais silencioso, mas se é de verdade não deixa a gente se sentir só. A gente pode até sentir saudade, mas não se sente só. A gente pode brigar, magoar e ser magoado, mas não nos sentimos incompreendidos pelo outro. Quando o amor acontece, ele penetra uma camada muito mais funda de nós... encontra a alma! E é, provavelmente, por isso, que a linguagem do amor é universal. “Ainda que eu falasse a língua dos homens e dos anjos, sem amor, eu nada seria”.

É por amor que se faz arte. É por amor que se trabalha. É por amor que se vive. É por amor, também, que se guerreia. Tudo acontece por amor. Ainda assim, ficamos buscando razões, fatos, exemplos para explicar o que acontece conosco e com o mundo. Que coisa mais ilógica, não acha?

Ainda que eu saiba de tudo isso, eu também tenho medo. Eu também já levei um choque na tomada. Eu amo dirigir, adoro correr, mas tenho precaução. Agora, já não me basta olhar os dois sentidos da rua: eu atravesso na faixa de pedestres. Contudo, se o amor bate à minha porta... Ah! Eu abandono todas as precauções, porque há uma coisa lá dentro de mim, bem lá no fundo, que me diz: Vai! Vai ser feliz! Vai se sentir viva! Vai fazer alguém se sentir vivo! Vai, arrisca, tenta, consegue!

E eu corro... com toda a liberdade que conquistei, com toda a coragem que a vivência me propiciou, com toda a sabedoria que meus passos errados me deram: eu corro em direção à única coisa que realmente faz sentido na vida. E, sim, eu admito precisar, querer e desejar viver plenamente este sentimento. Ah! Sim! Não há nada que me impeça! Acredito, mesmo, em Romeu e Julieta, Tristão e Isolda, Maurício e Jamila, Paulo e Sandra, Luciano e Érika, não importa quem sejam. Porque eu acredito que existe amor de verdade e que ele existe para nos completar, para nos fazer felizes e plenos.
Eu vou, sim, querer viver todos os momentos, todos os altos e baixos, todas as reviravoltas deste sentimento. Eu vou curtir os momentos de êxtase, os de silêncio, os de reflexão, os de paixão. Se um dia, no entanto, eu me sentir só e incompreendida, não tenha dúvidas: eu vou embora. E onde o amor estiver, eu estarei também. A razão mais importante e o que me dá coragem de ir em frente é que só o Amor, assim vivido, assim experimentado, pode me aproximar mais do melhor de mim mesma, de Deus e de todas as pessoas. Enfim, a felicidade está em amar de verdade.

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